Título: “Rosas para o quarto de Mary”
Proponente: Rosi Morokawa
rosasdulces.near
Como é ter a experiência de uma cor?
Muitos filósofos aceitam que as experiências têm um caráter fenomenal ou uma fenomenologia. Esse caráter fenomenal pode ser melhor entendido com a expressão “como é” ( what it is like ) para um sujeito realizar uma experiência. A expressão, que ficou conhecida a partir de Thomas Nagel (1974), pode ser entendida como aquele aspecto sensorial consciente do sujeito quando ele experiencia algo. Por exemplo, na experiência visual de uma rosa vermelha diante de mim, há algo para mim que é tal como ver a rosa vermelha quando realizo a experiência da rosa vermelha. De forma geral, entende-se que os eventos que envolvem os sentidos têm uma fenomenologia sensorial associada a eles.
Aceitar que há um caráter fenomenal não significa aceitar que teorias que defendem a existência dos qualia estejam corretas, ou tomar uma posição acerca do fisicalismo ou dualismo.
Se aceitamos que existe um caráter fenomenal da experiência, ainda nos restaria saber qual a relação entre esse caráter e o conhecimento. Muitos distinguem o conhecimento, ou conhecimento proposicional, da experiência fenomenal e, assim, distinguem a experiência de julgamentos.
Mary tem conhecimento conceitual sobre as cores, porém nunca teve a experiência de cores. Nesse caso, há algo novo que ela experienciará, pois haverá uma diferença fenomenal entre a experiência de seu quarto em preto e branco e a experiência de cores fora de seu quarto (ou em um TV a cores). Não sei se podemos dizer que ela conhece algo novo, no sentido de conhecimento proposicional. Mas penso que ela pode adquirir novos conhecimentos a partir desta experiência de cores.
A única coisa que eu poderia afirmar é que há uma diferença fenomenal entre as experiências de Mary, no sentido explicado no primeiro parágrafo acima. Podemos testar essa diferença na imagem que produzi a partir de uma gravura em metal (água-tinta, impressa sobre papel). Se tapamos com algo uma de suas partes, podemos ter a experiência de uma imagem em preto e branco e outra de uma imagem em vermelho e ainda a experiencia das duas juntas, se as observamos lado a lado. As duas imagens possuem a mesma forma, a única diferença entre elas é a cor vermelha. No entanto, a cor vermelha presente em uma delas nos faz ter uma experiência fenomenalmente distinta da outra. Para mim, esse é um ponto de partida para investigarmos as outras questões.
Quase no final do tempo, essa é a minha contribuição! Parabéns a todas as propostas, esse tema é realmente instigante!